terça-feira, 18 de agosto de 2020
153º dia de quarentena
E seguimos aquartelados, sem previsão nenhuma de saída. As coisas meio abriram na cidade, mas cinema, teatro, shows e escolas permanecem fechados ou com aulas a distancia. Além disso, tem o medo, restaurantes estão abertos, mas quem tem coragem de ir a um restaurante? Praças estão fechadas, mas campos de futebol estão abertos, ainda assim não tenho coragem de sair com as crianças, que foram correr num desses campos 1 dia, desses 153 que estamos trancados, e que nos deixou cheios de culpa e medo. Estou ha dias querendo ver minhas amigas, tentar tomar uma cerveja com uma distancia razoàvel uma das outras, mas não consigo, sinto medo. Me sinto triste, acuada, temerosa. Tudo me tem feito chorar, sinto que desaprendi. Desaprendi de escrever, de pesquisar, desaprendi como escreve um artigo, desaprendi de andar na rua, desaprendi de rir, desaprendi de aglomerar. Meu coração dispara vez ou outra, medo de uma notícia ruim. Penso na minha vó e na minha mãe todo dia, dei de pensar no meu pai também e me sentir culpada por ter sentido raiva ou desprezo por ele um dia. Acho que tentei rejeitar ele numa tentativa inutil de fingir que não sentia a falta dele. Numa tentantiva inutil de fingir que ele não teria me dado colo, enxugado minhas lagrimas, me amado. Fingi que não fazia falta pra não transbordar a falta que fez. No dia dos pais eu chorei de saudades como ha muito não chorava.... tenho tentado achar um centro mas não consigo. Costumavam ser as crianças, que - apesar do trabalho e da loucura - sempre trouxeram muita leveza. Eles são tão felizes e tão risonhos e tão satisfeitos de estarmos juntos o tempo todo, que isso me alimentava. Mas de uns tempos pra cá, talvez porque a Pandemia e o enclausuramento tenha por fim pego eles, mas o fato é que eles também perderam parte da leveza, tem andado irritadiços, arredios, brigões... e aí se foi também meu eixo. Me culpo por ter que terminar esse doutorado, que nem sei se quero mais porque nem é a mesma coisa que eu fazia antes, me culpo por não estar feliz, por não poder dar assistencia pra minha familia - e aqui incluindo minha mãe, meu irmão, minha avó - por não estar aproveitando tudo que poderia com Daniel. Uma das unicas coisas agradáveis nessa quarentena tem sido planejar nossa viagem de carro pela América do Sul, mas falo dela melhor depois. Hoje eu resolvi voltar a fazer minha jornada com o tarot, dessa vez com o marselha. Vamos ver como será.
Começamos logo com o Papa, que fala das estruturas,dos líderes a seguir, de quem passa conhecimento. Espero que seja um bom presságio <3
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