quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Talvez eu esteja morrendo

Semana passada eu tive uma dor de cabeça insuportável, e aí meu corpo todo foi ficando meio mole, meio doendo, e eu tive febre. Nem sei ha quanto tempo eu não tinha uma febre. Meu nariz entupiu, meu ouvido doía e em algum momento eu comecei a pensar "talvez eu esteja morrendo". E, não sei se você sabe, se já comentei por aqui, mas eu MORRO DE MEDO de morrer. Morro de medo de morrer e ter algo depois, e eu ter que lidar com esse algo depois. Morro de medo de morrer e não ter porra nenhuma depois e eu tô aqui só existindo nesse mundo a troco de nada. Enfim. Fiquei nessa achando que eu ia morrer e - por algum absurdo, talvez da doença - achei que morrer podia ser ok. Fiquei listando mentalmente tudo que eu ja tinha feito, todos os inúmeros sonhos realizados, os lugares que eu conheci, as pessoas que eu amei. Fiquei pensando no que eu fiz que eu nunca, em tempo algum jamais sonhei. Doutora? Quando que eu ia acreditar que ia chegar tão longe, mesmo com tanta adversidade no caminho. Quando que eu ia achar que seria possível, com um filho no mestrado, outro filho e uma pandemia no doutorado. De repente eu comecei a lembrar que caramba, eu sou pesquisadora de verdade!!!! Como eu quis estar nesse lugar, como eu achei que esse lugar jamais me pertenceria (e acho as vezes até hoje, apesar de seguir aqui).E filhos? E meus partos? Eu lembro até hoje da doideira que foi o Mateus nascer, vir pra mim e eu pensar " então é isso? Eu posso só pegar e levar pra casa?É meu?" E ERA MEU!!!!!! E como eu amei todos os segundos dessa sensação. O tanto de horas que eu passei na minha infancia imaginando como seria ter um bebe dentro da minha barriga e ele mexendo. E como eu tive, e tive mais de uma vez! E casar? E a puta sorte que eu dei nessa existencia de casar com o Dani. De todo dia quando eu deito do lado dele e eu penso "Caralho, e a gente casou e dá conta dessa vida!!!" E que todas as vezes que eu olho pro lado ( e eu olho muito pro lado) eu chego sempre à mesma conclusão de que eu não teria conseguido se não fosse com ele, e essa segurança inexplicável que eu sinto só por ele estar ali. E aí fui pensando em cada coisinha pequena, cada vez que eu vi o mar ou que eu subi uma montanha, cada dia que eu acampei, cada sorriso que eu dei. E no fim, foi isso, cheguei à conclusão de que seu eu morresse eu já tinha feito muito mais do que eu imaginei pra mim mesma. Como vocês podem perceber, não morri. Tomei 10 dias de acetilcisteína com vitam C, o nariz desentupiu, a febre passou e eu sigo aqui, prontinha pra mais um ano <3 Talvez até anime mais um filho, mais uma pesquisa, ou só mais uma praia mesmo. Veremos