quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Mil vidas em uma

Adolescente não entende nada da vida mesmo, eu achava que minha vida era perfeita, sem conflitos, seguindo um rumo natural e não entendia direito a complexidade das relações. Aí eu conheci o Dani, nossa o Dani introduziu um fator curioso na minha vida, que eu não tinha aprendido nos filmes, nem nos livros ou nas musicas. Eu amava duas pessoas. Não era possivel, só se ama uma por vez. Eu estava errada e eu tinha que decidir. O desgaste e o tempo da primeira relação levou a pior, apostei num contexto novo, apostei em novas sensações, apostei na montanha russa. Filhos. Outro contexto para o qual eu não fui preparada, filhos não são amor eterno e incondicional? Não eram meu projeto de vida? Eram. São. Mas ninguém me contou que iam ter dias em que eu não ia dar conta, ninguém me contou que iam ter dias em que meu amor por eles não seria o suficiente pra me querer fazer voltar no tempo e ter outra vida, ninguém me contou que a responsabilidade por outras vidas era sufocante, ninguém me contou que eu descobriria que eu mesma, adulta, não sei lidar com meus sentimentos, não sei explicar o todo, não sei suprir todas as demandas. Ninguém me contou. E eis que eu vivo ha 4 anos no meu dilema das mil vidas. Eu gosto da vida que eu tenho. Marido que eu amo, filhos perfeitos, vida gostosa. Mas eu gostaria de outra vida onde eu continuava indo pro mato, onde eu nunca tivesse aberto mão dos morcegos. Eu gostaria de outra vida, onde eu viajaria o mundo, eu gostaria de outra vida onde eu trabalharia na praia, eu gostaria de outra vida onde eu vivesse no interior. Uma vida onde eu não tivesse largado a dança. Uma vida onde tivesse aprendido música. Uma vida onde eu tivesse mais animais de estimação. Enfim, mil vidas, só essa vida. Tentativa eterna de aglomerar tudo numa vida só, fazer as escolhas sabias, não meter os pés pelas mãos e não ficar ansiosa tentando abraçar o mundo com as mãos. Um brinde à vida

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