terça-feira, 17 de setembro de 2024

Dia nove eu estava, muito convicta, olhando locais para trabalhar fora de casa, aceitando que talvez esse fosse o primeiro passo de uma mudança muito maior e cogitando que essa mudança maior poderia envolver sim, uma separação. A vida deu um plot twist carpado e eu - alem de ter conseguido um projeto pra participar - consegui me colocar no mesmo patamar para algumas discussões sobre nosso modelo de relação. Sim, todas as conversas desde o dia nove envolvem choro e dor. Por sorte todas elas também envolvem honestidade e uma vontade de construir as coisas e não de destruir tudo (que era bem o que eu queria no ultimo post, destruir tudo). Eu preciso ser bem honesta aqui comigo mesma, eu precisei me colocar nesse lugar pra conseguir sentir que eu poderia discutir os termos da relação do mesmo patamar. Não ia dar certo, não ia conseguir debater as coisas apenas no campo hipotético e só comigo ferida, só comigo sentindo a dor REAL que eu estava sentindo. Não foi uma vingança, foi uma tentativa de equivaler as coisas, de tirar a armadura de todo mundo. Foi foda, mas foi o que precisava. Eu sei que eu corri grandes riscos dele não aceitar esse formato... nem era uma questão de não me perdoar porque eu sabia que não tinha feito nada de errado - assim como ele também não fez - era uma questão exclusivamente de suportar a dor e lidar com a pessoa real que somos ao invés da pessoa idealizada que construímos para nós mesmos. Eu sei que eu fiz coisas que eu disse que não faria, sei que fiz coisas que eventualmente achei que nem gostaria... mas eu gostei. Eu gostei de poder experimentar, eu gostei de poder ser livre de fato e não apenas livre no discurso. E aí é isso né? Lidar com a realidade nua e crua não é exatamente algo agradável mas funcionou pra gente. Funcionou pra gente poder rever nossos conceitos, pra gente perceber que o buraco da dor é maior do que os argumentos racionais. Gosto de saber que o amo. Mas gosto mais de saber que sigo me amando primeiro

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Acho que hoje eu tive algum entendimento de certas coisas. Depois de passar um período fodido com a minha avó aqui e me deparando com uma solidão que eu não conhecia, depois viajar pro congresso, com mais uma semana longe das crianças e do Dani, eu acho que descobri uma face minha nova mesmo. A face que QUER ficar sozinha. Não achei que eu era essa pessoa, nem que eu de alguma forma seria em momento nenhum, mas aí hoje to aqui, olhando kitnet, casa, qualquer coisa que eu possa pagar com o meu dinheiro (que dinheiro? Não sei). Engraçado como de repente nem pareceu tão dificil assim. eu posso pagar algo, venho pra cá nos dias que Daniel estiver de plantão, posso dormir com as crianças, não é um problema. Os dias que ele não estiver trabalhando ele fica com os meninos. A gente reveza. Pareceu tão bom. rs. Não precisa ser definitivo, não precisa ser brusco. Não precisa ser nada... eu preciso muito de um espaço.Eu não sei mais se eu to bem nesse modelo de vida, nesse relacionamento, nessa organização que a gente fez. O único problema é que eu não posso conversar sobre isso por enquanto... sexta feira é nosso aniversário de casamento, ta tudo organizado. Não posso atrapalhar tudo... talvez seja uma grande e gostosa despedida dessa vida do jeito que ela é <3

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Cinco de ouros

Hoje é um dia de miséria e o cinco de ouros, minha carta do dia, veio bem a calhar. Minha avó quebrou o femur ha duas semanas atrás. Fez uma cirurgia e passou 7 dias no hospital, nos 4 últimos eu estava lá. Eu poderia escrever mais um novo texto sobre como a minha mãe está fugindo disso tudo de uma maneira doida, de como depois que eu cheguei ela não foi mais ao hospital e de como não quer vir na minha casa. Mas hoje não é sobre isso, isso era esperado. Hoje é sobre o inesperado. Eu sempre achei que eu era de muitas amigas, que eu era sociável e comunicativa, que gostava de muita gente e muita gente gostava de mim. Não é verdade. Fernanda e Tamiris talvez fossem as amigas com as quais eu mais me sentia confortável, com quem eu mais tinha uma rotina, um dia-a-dia. E aí que no dia que eu trouxe minha avó pra casa, depois de ter passado a noite em claro pensando em como seria difícil, cheguei aqui e percebi que seria ainda mais do que eu tinha pensado. Mas não havia o que fazer, era só eu comigo mesma, e aí eu mandei uma mensagem pras duas dizendo que eu estava com medo. E eu estava mesmo, com MUITO medo. Com muito medo de não dar conta. E aí que veio a surpresa: a Fernanda não respondeu. Não respondeu no dia, nem depois, nem em nenhum dia da semana que se seguiu. eu senti um buraco se abrindo. Eu não tinha mais ninguém alem do Daniel pra desabafar. E aí eu fui vivendo esse luto ao longo da semana, quando antes de ontem eu resolvi que eu ia sair do nosso grupo, o nosso grupo que tem, sei lá, uns 10 anos já. Eu não queria mais estar num lugar onde eu não tinha espaço pra ter medo, onde ninguém se importava. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde elas iam vir perguntar o motivo da minha saída e hoje a Fernanda veio... e doeu de novo, e aí vem aquela sensação esquisita de querer muito muito que seja tudo mentira, de querer muito muito deixar pra lá e acreditar em qualquer coisa que ela disser, mas não, eu disse que estava chateada e que não queria conversar e ai ela apenas disse que tudo bem, que ia respeitar. No fim acho que a gente só tem a gente mesma, ou talvez eu não seja tão querida e carismática como eu supus. Talvez eu seja só uma chata... de toda forma, hoje é um dia de luto e miséria.